André Alves de Lima

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Férias na Itália 2015

Quem me acompanha nas redes sociais (principalmente no Facebook) e/ou assina a minha newsletter, ficou sabendo que semanas atrás eu e minha família estivemos de férias na Itália (eu também comentei sobre essa viagem no meu artigo sobre o custo de vida na Alemanha). Antigamente, quando eu viajava a trabalho pela empresa (algo que era bem comum), eu costumava escrever sobre as minhas experiências. A categoria de viagens aqui do blog está repleta desses relatos.

Enfim, é muito doido revisitar esses posts de anos atrás e entender como era a minha mentalidade naquela época. Garanto que daqui a quatro anos não vou me lembrar direito como foram essas férias que passamos na Itália semanas atrás. Portanto, para retomar o hábito que eu tinha antigamente de relatar as minhas viagens, resolvi escrever esse post contando como foram as nossas férias na Itália em 2015.

A época do ano

Ano passado fomos à praia no mar do leste da Alemanha. A nossa filha, Sophie, tinha apenas uns quatro meses. Como era de se esperar, não conseguimos aproveitar a praia em si. Sorte que o hotel era sensacional e conseguimos desfrutar de todas as conveniências que ele disponibilizava.

Esse ano resolvemos que tentaríamos novamente uma ida à praia, já que a Sophie estaria bem maiorzinha e, com sorte, conseguiríamos aproveitar melhor a praia dessa vez. Diferentemente do ano passado, resolvemos ir bem no comecinho da temporada, e dessa vez em um lugar mais quente. A época do ano que escolhemos (meio de maio) foi excelente. Não estava um calor de rachar e as praias não estavam lotadas, ou seja, conseguimos aproveitar um clima bom sem ter que ficar competindo com centenas de pessoas por um lugar na areia. Acredito que seria o mesmo que ir à praia no Brasil em novembro.

Além disso, nessa época do ano aqui na Alemanha temos dois feriados muito interessantes: Ascensão de Cristo e Pentecostes. Como a data desses feriados são baseados na data da Páscoa, eles sempre caem no mesmo dia da semana todos os anos. A Ascensão de Cristo sempre cai em uma quinta-feira e o Pentecostes sempre cai onze dias depois, em uma segunda-feira. A semana entre esses feriados é a semana de ouro para se tirar férias aqui no estado onde moramos (esses feriados não existem em todos os estados da Alemanha – somente nos estados de maioria católica). Isso se deve ao fato que, aqui na Alemanha, as férias são contabilizadas em dias úteis e é comum podermos tirar as férias de forma “picada“. Portanto, ao tirar férias nessas semanas, conseguimos ficar doze dias de folga tirando apenas seis dias de férias! Negócio da China, não? Decidimos ficar sete noites na Itália (de quinta-feira a quinta-feira), de forma que conseguiríamos ainda descansar três dias em casa antes de voltar à rotina de trabalho.

O destino

Para sermos sinceros com você, escolhemos o nosso destino pela disponibilidade, preço, região e pelo fato do hotel ter uma sala de brinquedos para crianças. Apesar de termos feito a reserva com bastante tempo de antecedência (uns quatro meses), muitos hotéis já estavam lotados. Outros hotéis ficavam, obviamente, fora da nossa possibilidade financeira. Além disso, não sei por que, mas, decidimos ficar em algum lugar perto de Veneza, de forma que pudéssemos visita-la durante a semana (péssima ideia, leia mais nas próximas seções).

Com essas limitações em mente, acabamos escolhendo um hotel na cidade de Lignano Sabbiadoro, chamado Hotel Florida (aqui está o site do hotel no Booking.com). Recomendamos 100% esse hotel, ele é simplesmente excelente (pelo menos para o propósito da nossa viagem). Tivemos somente um problema, que foi prontamente resolvido.

Como comentei anteriormente, queríamos um hotel que tivesse uma sala de brinquedos para crianças, pois, se o clima não estivesse para praia, poderíamos distrair melhor a Sophie. No dia que chegamos, o tempo não estava bom. Estava um pouco frio e tinha chovido durante o dia. Resolvemos no final da tarde ir perguntar pela sala de brinquedos e eis que tivemos uma surpresa. A recepcionista disse que o quarto estava fechado e que só abriria novamente em junho! Voltamos para o quarto, olhei o site do hotel no Booking.com e o próprio site oficial do hotel. Em nenhum lugar essa informação era mencionada. Voltamos à recepção e explicamos a situação, deixando claro que uma das razões por termos escolhido aquele hotel era que ele tinha uma sala de brinquedos, e que em nenhum lugar do site estava falando que ele só era aberto a partir de junho. A recepcionista disse que ia conversar com a direção e nos dava um retorno no próximo dia. E o resultado foi que eles acabaram abrindo a sala de brinquedos só para a gente. Mostrou que eles sabem resolver problemas muito bem e de forma rápida. Ficamos muito satisfeitos.

Olha só a vista do nosso quarto:

A viagem de ida

Quando reservamos esse hotel, fizemos uma simulação da rota no Google Maps e o resultado é que demoraria umas cinco horas para chegarmos. Com isso, poderíamos sair de casa no final da madrugada, chegaríamos em alguma cidade perto de Lignano Sabbiadoro no meio da manhã, passaríamos a manhã e almoçaríamos nessa cidade e partiríamos para Lignano depois do almoço (já que o check-in era a partir das 14:00). Porém, um mês atrás a Áustria resolveu reformar um túnel que fica no meio desse caminho, além de reformar vários outros trechos dessa estrada, o que fez com que a menor rota passasse a levar quase oito horas! Por isso, resolvemos pegar uma rota alternativa, um pouco mais longa, mas, que “” demoraria seis horas e meia para chegar.

Nosso plano era sair umas duas horas da manhã, dirigir até Villach (uma das últimas cidades da Áustria antes de chegar na Itália), passar a manhã por lá e partir para Lignano perto da hora do almoço. Entretanto, quando chegamos em Villach o tempo estava uma desgraça. Não parava de chover, o que levou os nossos planos por água abaixo (literalmente). Resolvemos dar uma parada em algum posto para tomar um café da manhã tardio. Nessa altura, a Sophie já estava irritada com a demora para chegar. A viagem que era para demorar seis horas e meia acabou demorando umas dez horas. Imaginem a quantidade de choro da Sophie que tivemos que ouvir. Tadinha dela. Pelo menos foi melhor do que a nossa viagem para o norte da Alemanha no ano passado, quando saímos de manhã e ela chorou muito mais.

Enfim, uma curiosidade muito interessante é a maneira como os italianos cobram pedágio. Logo que chegamos na Itália, topamos com uma cabine de pedágio. Como a Sophie estava chorando, não prestei muita atenção em qual cabine eu estava entrando, só tive certeza para não entrar na cabine que dizia “Telepass“. Eu não sabia o que isso significava, mas, como parecia algo com o nosso “Sem Parar“, deduzi que essa não era a melhor escolha. Chegando na cabine, uma surpresa: não tinha ninguém na cabine, só um aviso dizendo algo como “pegue o bilhete“. Na hora pensei: putz, entrei em alguma cabine errada. Quando passamos o pedágio, olhei para trás e vi as plaquetinhas nas filas de pedágio do outro lado da estrada. Algumas tinham um símbolo de dinheiro com moedas, outras com o símbolo do “Telepass“. Nesse momento eu tive a certeza que tinha entrado na cabine errada.

No bilhete, obviamente todo escrito em italiano, não conseguimos entender praticamente nada do que estava escrito. A ideia que tivemos é que a cabine que entramos seria para alguém que não tivesse dinheiro para pagar o pedágio e que com esse bilhete poderíamos pagar o pedágio em algum outro lugar na cidade. Seguimos na estrada refletindo a dor de cabeça que isso iria dar e que as nossas férias tinham começado com o pé esquerdo por causa desse episódio.

Porém, quilômetros e quilômetros depois, na hora de sair da estrada, deparamos com outro pedágio. Dessa vez pensamos: vamos prestar atenção em qual cabine entrar para não fazer a mesma estupidez que fizemos no primeiro pedágio. Entramos na cabine que tinha o símbolo de dinheiro e moedas, para a nossa segunda surpresa: não tinha ninguém para atender na cabine. Era tudo “self-service“. E um alívio: a máquina dizia “insira o bilhete“. Finalmente entendemos como funciona o pedágio na Itália (pelo menos na região onde passamos). Quando você entra na estrada, você pega o bilhete. Quando você sai da estrada, você introduz o bilhete na máquina e ela calcula o valor do pedágio baseado em quanto você percorreu. Muito inteligente, porém, muito confuso se você não souber como funciona. Para fotos sobre essas cabines e bilhetes, confira o artigo sobre pedágio na Wikipedia em italiano ou o site das autoestradas italianas.

As praias na Itália

Uma outra curiosidade sobre a Itália é a forma como eles organizam as praias (pelo menos na região onde ficamos). Eles dividem as praias em blocos, sendo que alguns blocos são públicos (que você pode chegar, colocar sua cadeira e “farofar” a vontade) e a maioria dos blocos são privados, onde você tem que pagar para entrar e te dá direito a cadeiras e guarda-sol. Na nossa estadia do hotel já tínhamos duas cadeiras e guarda-sol em uma dessas áreas privadas incluídos no pacote. Veja uma foto de como funciona essas áreas privadas:

A Sophie adorou brincar na areia pela primeira vez:

Visita às cidades dos nossos avós

Aproveitando a região em que estávamos hospedados, decidimos visitar as cidades de alguns de nossos antepassados. O avô da Larissa (minha esposa) nasceu na cidade de Annone Veneto, que fica perto de Veneza. No dia em que fomos visitar Veneza, resolvemos dar uma passada por lá para conhecer. Olha só que legal, foto na placa da cidade, igreja e em frente à prefeitura:

A próxima parada foi San Giorgio delle Pertiche, cidade da minha trisavó. A “cidade” só tem meia dúzia de ruas:

Finalmente, o nosso último destino antes de seguir para Veneza foi Fratte, cidade do meu trisavô:

Veneza + bebê = não recomendo

Como disse anteriormente, por algum motivo que não lembramos, tivemos a brilhante ideia de ir até Veneza. Você já deve ter ouvido que essa cidade é conhecida por ser um destino romântico, com os casais em lua de mel passeando de gôndola pelos canais da cidade. Onde é que estávamos com a cabeça ao decidirmos ir com uma bebê de 13 meses para um lugar desses? Não sei, mas, mesmo assim nós fomos.

Em Veneza você não circula de carro. Você estaciona o carro logo no começo da península e aí você tem duas opções: caminhar ou pegar barcos para ir de uma parte a outra da cidade. Como estávamos com a Sophie, tivemos que nos locomover de barco. Queríamos conhecer a Piazza San Marco, que ficava do outro lado da península. Pegamos um barco lotadérrimo, que demorou uns quarenta minutos para chegar na estação onde a praça ficava. Precisávamos trocar a fralda da Sophie e só conseguimos achar um banheiro do outro lado da praça (que, a propósito, estava lotada, mesmo sendo uma terça-feira). O banheiro tinha uns dois lances de escada. Imagina subir dois lances de escada apertados com um carrinho de bebê.

Ah, falando em escada, já comentei que a cidade é cheia de canais, não é mesmo? Pois é, para passar de um lado ao outro do canal, só de escada. Ótimo para quem está com carrinho de bebê. Fico imaginando como cadeirante faz para se locomover por lá.

Enfim, nosso passeio em Veneza foi esse: estacionamos no começo da península (26€ por quatro horas de estacionamento), almoçamos em um restaurante bem mais ou menos (50€), pegamos o barco em direção à Piazza San Marco (40€), quarenta minutos depois descemos na praça, trocamos a fralda da Sophie no banheiro com dois lances de escada, não tiramos nenhuma foto na praça porque a Sophie estava quase desmaiando com o calor, pegamos o barco de volta para a entrada da península e, quarenta minutos depois fomos em direção ao carro para irmos embora. Excelente, só que não. Veneza com bebê (ou até mesmo criança pequena)? Não recomendo.

Só tiramos umas fotos enquanto a Sophie ainda estava aguentando, dentro do barco, no trajeto de ida para a Piazza San Marco:

A viagem de volta

Na volta resolvemos ser espertos. Saímos de Lignano às nove e meia da noite e chegamos em casa quase às cinco da manhã. Quando chegamos na Alemanha, já era perto de duas da manhã. Resolvemos que queríamos parar em um hotel para dormir e seguir a viagem no outro dia de manhã. Mas, quem diz que encontramos um hotel aberto? A Alemanha é assim. Tão evoluída nos mais diversos pontos, mas, tão conservadora em outros.

Quanto custou a brincadeira?

Você deve estar pensando, quando é que custou toda essa brincadeira? Como eu não tenho o menor problema em divulgar os meus gastos aqui no blog (tanto é que eu já mostrei para vocês o quanto gastamos por mês morando aqui na Alemanha) e como gostamos de controlar todos os nossos gastos, resolvi compartilhar com vocês a nossa lista de gastos com essa viagem de sete noites na praia de Lignano Sabbiadoro na Itália. Vamos lá:

Basicamente foram esses os gastos. Espero que ajude alguém que tenha a ideia de passar as férias algum dia nessa região.

Conclusão: 100% recomendado!

Apesar do valor final ter sido um pouco elevado (380€ por dia), a diversão que tivemos compensou cada centavo gasto. Essas foram, sem dúvida alguma, as nossas melhores férias até hoje. Se algum dia você estiver pensando em vir para a Europa no verão, as praias da Itália são um bom destino. Para ver as outras fotos, acesse o meu perfil no Facebook.

É isso aí. Semana que vem voltamos com a programação técnica normal aqui no blog. Caso você se interesse por esse tipo de artigo, além dos artigos técnicos, inscreva-se na minha newsletter (você pode também utilizar o formulário abaixo para se inscrever). Com ela você fica sempre sabendo dos novos artigos publicados por aqui.

Até a próxima!

André Lima

Image by Elliott Brown used under Creative Commons
https://www.flickr.com/photos/ell-r-brown/4867179680/

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6 thoughts on “Férias na Itália 2015

  • E ae André,
    Sobre o custo, mesmo você dizendo que não saiu muito barato, ainda assim são férias mais baratas do que no Brasil, pelo menos nas cidades turísticas.
    É legal pensar que se é possível viajar pela Europa de carro hehe
    Abraços
    Wennder Santos

    • andrealveslima disse:

      Olá Wennder, valeu pelo comentário!

      Realmente, é triste ver os preços de férias em lugares turísticos no Brasil.. Impossível de pagar, principalmente nas praias do Nordeste.. Muitas vezes fica mais barato ir do Brasil para os Estados Unidos do que tirar férias dentro do Brasil.. Vai entender..

      Abraço!
      André Lima

  • Aninha disse:

    Adorei o seu relato de viagem! Eu estive na Inglaterra em Dezembro e me apaixonei! Depois dessa experiência quero conhecer o mundo inteiro, rs… Também quero muito conhecer a Itália, achei interessante já saber sobre alguns desses detalhes pois quem não conhece (como o caso do pedágio) realmente se perde. E também muito interessante poder viajar assim da Alemanha até a Itália de carro! Eu só consigo pensar na rota de avião, rs.
    Até mais!

    • andrealveslima disse:

      Olá Aninha, obrigado pelo comentário! Fico feliz que você tenha gostado do artigo!

      Aproveite e, quando você for viajar para conhecer o mundo inteiro, escreva sobre as suas experiências em um blog.. Depois volte aqui e passe o link para eu dar uma olhada e aprender sobre outros lugares também.. :)

      Abraço!
      André Lima

  • Andre Lucas Silva Freires disse:

    Bacana, gostei de ler

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